terça-feira, 1 de setembro de 2020

Contenção Mecânica de Pacientes Intubados em Tempos de COVID-19, Devemos Liberar?


A atual pandemia  está desafiando as equipes de saúde em todos os níveis. Pacientes criticamente enfermos com COVID-19 frequentemente precisam de intubação endotraqueal e suporte ventilatório mecânico como parte do tratamento dispensado a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) fator que prolonga o tempo de ventilação artificial.

Um estudo realizado por Gueret et al em uma UTI encontrou uma taxa de auto-extubação de 1,3 por 100 dias de ventilação mecânica. A presença da agitação está associada ao aumento do risco de auto-extubação. A necessidade de reintubação está associada a um alto índice de complicações pulmonares, como aspiração, pneumonia associada à ventilação mecânica, tempo prolongado de ventilação mecânica e aumento da permanência hospitalar. 

A auto-extubação em pacientes com COVID-19 além de ser deletéria ao paciente e seu tratamento, representa um risco significativo para os profissionais de saúde, porque acredita-se que a disseminação do SARS-CoV-2 ocorra principalmente por meio de transmissão respiratória.  

A aplicação de restrições físicas para justificar a contenção na UTI é um tema polêmico. Alguns estudos mostraram que as restrições físicas podem levar a mais agitação e delírio em pacientes intubados. No entanto, as restrições também impediram com eficácia a remoção acidental de tubos endotraqueais e outros dispositivos  essenciais. O tema contenção mecânica vem tomando força especialmente na atual realidade onde as medicamentos sedativos e relaxantes musculares estão escassos no mercado,

Outro fator que justifica a contenção mecânica é a escassez de profissionais nas UTIs devido os afastamentos médicos, onde temos  uma alta carga de trabalho e pouco efetivo técnico.

Portanto, liberar o uso de restrições mecânicas dentro das diretrizes políticas e procedimentos de cada instituição pode ajudar a diminuir o risco de autoextubação, melhorando potencialmente os resultados dos pacientes, aumentando a segurança do pessoal de saúde e evitando desfechos desfavoráveis.


Gueret RM, Tulaimat A, Morales-Estrella JL. Autoextubação revisitada: um estudo caso-controle. Respir Care . 2020. pii: respcare.07007. [Link de contexto]


 

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Um comentário:

  1. Por isso é importante a avaliação e reavaliação constante da necessidade da contenção, pois muitas vezes esse paciente está tão bem sedado que não justificaria a contenção. É um tema muito complicado.

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