sábado, 29 de agosto de 2020

Filme contará a história 'atemporal' de Mary Seacole

O produtor Billy Peterson formou uma nova produtora, a Racing Green Pictures, e anunciou a produção de "Seacole", seu primeiro longa metragem.

O filme irá mostrar a vida de  Mary Seacole, uma enfermeira jamaicana pioneira que cuidou de soldados britânicos feridos durante a Guerra da Crimeia e encontrou resistência no convívio com Florence Nightingale.  O filme será estrelado por Gugu Mbatha-Raw (“Belle”) e Sam Worthington (“Avatar”)

Peterson disse que estava interessado em escolher histórias que pudessem realmente impactar todas as gerações e culturas. "Como uma mulher mestiça que viveu no século 19, a Sra. Seacole realizou suas ambições diante do duplo preconceito, ela tinha uma história incrível, completamente relevante e atemporal”.

A estréia do longa está programada para 2021.


quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Leito 5- Geca

 Cheguei no plantão 15 min antes do horário e já senti no ar aquele cheirinho de "muvuca" que estava o setor naquele dia. Alarmes descontrolados, bombas de infusão apitando, equipe agitada, pacientes chamando, um caos!!!

No final do corredor avistei a enfermeira toda atarefada terminando de lacrar o carrinho de emergência.

Fui ao seu encontro para iniciarmos a passagem de plantão e também para lhe dar um certo apoio pois a cena era de guerra.


Éramos da época em que o paciente era chamado por sua patologia e assim fomos de leito em leito dando início a passagem de plantão.


Quando chegamos ao leito 5 minha colega falou:

- Essa é a dona Maria, uma GECA. (sigla usada para abreviar gastroenterocolite aguda)


Imediatamente a passagem de plantão foi interrompida pela paciente que aos gritos falava:

"-Olha......  GECA é a mãe de vocês!!!!!!!!!!!! Já é a segunda vez que vocês passam aqui e me chamam de GECA!!!!!!!! Eu não sou do mato não!!!!!!! GECA pra mim é esse pessoal que mora no sítio! Eu moro aqui e não sou GECA não!!!!!!!!!!! 


Eu e minha colega ficamos atônitos por sua reação, nos olhamos sem saber o que fazer e rimos!!!!!! Depois do mau entendido explicamos para dona Maria o que significava aquela sigla e mais calma ela entendeu!


Nesse dia aprendemos na prática o que veio a ser um dos pilares na humanização da assistência em saúde: a individualidade do ser humano

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Dona Iolanda e o Papagaio


Numa tarde fria de inverno, recebi o telefonema da enfermeira da hemodinâmica solicitando uma vaga. Tratava-se de uma paciente do sexo feminino, 70 anos, POI de Angioplastia com implante de 02 stents. Estava entubada, pois tinha evoluído em PCR durante o procedimento. Sua admissão na UTI foi tranquila, e os dias que seguiram a sua internação também, sendo extubada no quinto PO. Dona Iolanda, chamava-se...e a primeira coisa que balbuciou quando lhe tiramos o tubo foi:
-Onde está meu papagaio?
Isso me causou uma certa curiosidade, pois é sabido que tal ave possui a longevidade semelhante ao ser humano (em média 90 anos) e que são muito sensíveis às relações com seus donos, chegando a morrer de saudade, literalmente.


Levantando a história de dona Iolanda, descobrimos através de um sobrinho que ela morava sozinha com seu papagaio, no qual ela tinha ganho quando criança. Estimavam que a ave tinha em torno dos seus 60 anos e que ambos nunca haviam se separado.
Aquilo causou uma enorme comoção na equipe que foi motivada a marcar o encontro entre os dois, dentro do hospital.


Chamamos coordenação, direção, gerência..... Mobilizamos toda a administração..... e enfim chegamos a um consenso: o louro iria ser convocado a comparecer no hospital quando dona Iolanda recebesse alta da UTI.


Foi um dia mega esperado..... No dia do encontro, levamos dona Iolanda de cadeira de rodas num espaço aberto (parecido com um jardim interno) e lá, dentro de uma gaiolinha no colo do sobrinho, estava o seu tão estimado amigo.... De tão eufórico, o papagaio desandou a gritar e não parava mais..... Dona Iolanda emocionada beijava-o incansavelmente. Fora o barulho que ele fazia, ouvíamos também o soluçar de todos que presenciaram a cena.... Foi um dia pra lá de emocionante.

BANHO NO LEITO EM UTI: QUAIS OS POTENCIAIS RISCOS?

Autor: Enf Marcelo Silva


Em nossa rotina diária como enfermeiros intensivistas, nos deparamos sempre com questionamentos acerca da higienização do paciente grave, ou pela parte operacional (técnicos de enfermagem), ou por parte da equipe médica e de fisioterapia por ser uma técnica diretamente relacionada a mobilidade do paciente no leito.
Sabemos que o banho no leito é a higienização total ou parcial do corpo executada em pacientes acamados e impossibilitados de saírem do leito. Um banho completo no leito limpa a pele, estimula a circulação, proporciona um exercício leve e promove conforto.
O banho possibilita ao enfermeiro avaliar a condição da pele, a mobilidade articular e a força muscular do paciente.


OBJETIVO
O objetivo desta nota é alertar aos profissionais que atuam em UTI que o banho no leito é necessário sim, mas que em alguns casos, ele deve ser discutido e analisado antes de ser prescrito pelo enfermeiro intensivista

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RISCOS POTENCIALMENTE CAUSADOS COM A MÁ EXECUÇÃO DA TÉCNICA DO BANHO NO LEITO


Visto que o banho no leito é uma técnica diretamente relacionada a mobilidade, higiene e conforto, sua execução requer passos criteriosos para que sua finalidade não ocasione danos ao paciente ou ao profissional envolvido no cuidado. Durante o procedimento de banho no leito, recomenda-se ao profissional técnico iniciar o procedimento pela lavagem da cabeça, face, higiene oral seguindo a sequência céfalo-caudal, ou seja, tronco, braços, dorso, pernas e por último as regiões perineais e anal. Devemos ressaltar aqui que a região anal deverá sempre ser a última região a ser limpa, descartando-se o material utilizado em seguida. A higiene oral no paciente crítico tem uma grande importância clínica, pois sua finalidade é a remoção do acúmulo de saliva gerado pelo organismo, diminuindo o risco de pneumonia provocada pela ventilação mecânica e a diminuição significativa da flora bacteriana presente na cavidade oral.

Risco de Hipotermia
A cada passo realizado durante o banho no leito, o profissional deverá ter o cuidado de secar a pele e protege-la da temperatura externa, ou seja, evitar que o paciente permaneça por um maior tempo exposto a baixas temperaturas, diminuindo o risco de hipotermia.Isso é comum ocorrer em pacientes neurológicos e sedados. Para isso, muitas UTIs utilizam produtos de banho a seco.


Risco de Infecção
Como foi citado, o banho deverá obedecer a sequência céfalo-caudal, deixando as partes íntimas e a região anal para a última etapa.
Caso haja contato direto do material (toalha de banho ou lenço) com substâncias orgânicas, estes deverão ser descartados, evitando a propagação de microorganismos. Evitar o contato direto das luvas com secreções. Descartar caso isso ocorra. As roupas de cama sujas deverão ser acondicionadas nos hampers, nunca no chão.


Risco de Instabilidade no Padrão Pulmonar
Antes de prescrever o banho no leito, o enfermeiro intensivista tem por obrigação, estar interado das condições clínicas do paciente. A radiografia de tórax é o melhor instrumento para avaliação momentânea da função respiratória na busca por atelectasia ou infiltrado pulmonar difuso. Estas condições direcionam o plano de cuidados e estabelecem prescrições de enfermagem embasadas em evidências. Como o banho no leito requer a mobilização do paciente, ter o conhecimento do seu padrão respiratório é crucial para a execução da técnica de banho no leito.
O enfermeiro intensivista deverá indicar ou contra-indicar o banho nos casos de SARA com uso de PEEP elevado, porque esta condição exige restrições em sua manipulação.
Pacientes com atelectasias deverão ser mobilizados sempre do lado contrário ao pulmão afetado, facilitando assim a expansão pulmonar.


Risco de Instabilidade Hemodinâmica
Pacientes em uso de drogas vasoativas tendem a ter vasoconstricção generalizada ocasionado má perfusão periférica e tecidual. O tempo prolongado de banho, nesses casos potencializa o fechamento dos capilares, acarretando em hipóxia periférica e instabilidade hemodinâmica. Em muitos casos, deve-se contra indicar o banho, pois a simples manipulação do paciente acarreta em valores vitais clínicos alarmantes.


Risco de Queda
Outro risco que o paciente acamado apresenta no momento do banho é a queda do leito. Para que isso não ocorra, os critérios a serem adotados antes de iniciar o procedimento baseiam-se nas condições psicomotoras do paciente (agitação, confusão mental), sedação e superfície corpórea (pacientes obesos requerem uma maior mobilidade da equipe durante seu posicionamento no leito.


Risco de Perda de Artefatos (sondas, catéteres vasculares, drenos)
Durante a manipulação do paciente no banho, a equipe operacional deve atentar-se para a presença dos artefatos terapêuticos presentes. Os mesmos deverão estar fixados corretamente e a troca da fixação deverá ocorrer no final do banho.


CONCLUSÃO
Conclui-se então, que a técnica do banho no leito possui um grande significado na promoção do conforto, higiene e impacto direto no prognóstico do paciente, pois as boas práticas de enfermagem relacionados a esta técnica previnem situações de risco e potencialmente fatais.