Autor: Enf Marcelo Silva
Em nossa rotina diária como enfermeiros intensivistas, nos deparamos sempre com questionamentos acerca da higienização do paciente grave, ou pela parte operacional (técnicos de enfermagem), ou por parte da equipe médica e de fisioterapia por ser uma técnica diretamente relacionada a mobilidade do paciente no leito.
Sabemos que o banho no leito é a higienização total ou parcial do corpo executada em pacientes acamados e impossibilitados de saírem do leito. Um banho completo no leito limpa a pele, estimula a circulação, proporciona um exercício leve e promove conforto.
O banho possibilita ao enfermeiro avaliar a condição da pele, a mobilidade articular e a força muscular do paciente.
OBJETIVO
O objetivo desta nota é alertar aos profissionais que atuam em UTI que o banho no leito é necessário sim, mas que em alguns casos, ele deve ser discutido e analisado antes de ser prescrito pelo enfermeiro intensivista
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RISCOS POTENCIALMENTE CAUSADOS COM A MÁ EXECUÇÃO DA TÉCNICA DO BANHO NO LEITO
Visto que o banho no leito é uma técnica diretamente relacionada a mobilidade, higiene e conforto, sua execução requer passos criteriosos para que sua finalidade não ocasione danos ao paciente ou ao profissional envolvido no cuidado. Durante o procedimento de banho no leito, recomenda-se ao profissional técnico iniciar o procedimento pela lavagem da cabeça, face, higiene oral seguindo a sequência céfalo-caudal, ou seja, tronco, braços, dorso, pernas e por último as regiões perineais e anal. Devemos ressaltar aqui que a região anal deverá sempre ser a última região a ser limpa, descartando-se o material utilizado em seguida. A higiene oral no paciente crítico tem uma grande importância clínica, pois sua finalidade é a remoção do acúmulo de saliva gerado pelo organismo, diminuindo o risco de pneumonia provocada pela ventilação mecânica e a diminuição significativa da flora bacteriana presente na cavidade oral.
Risco de Hipotermia
A cada passo realizado durante o banho no leito, o profissional deverá ter o cuidado de secar a pele e protege-la da temperatura externa, ou seja, evitar que o paciente permaneça por um maior tempo exposto a baixas temperaturas, diminuindo o risco de hipotermia.Isso é comum ocorrer em pacientes neurológicos e sedados. Para isso, muitas UTIs utilizam produtos de banho a seco.
Risco de Infecção
Como foi citado, o banho deverá obedecer a sequência céfalo-caudal, deixando as partes íntimas e a região anal para a última etapa.
Caso haja contato direto do material (toalha de banho ou lenço) com substâncias orgânicas, estes deverão ser descartados, evitando a propagação de microorganismos. Evitar o contato direto das luvas com secreções. Descartar caso isso ocorra. As roupas de cama sujas deverão ser acondicionadas nos hampers, nunca no chão.
Risco de Instabilidade no Padrão Pulmonar
Antes de prescrever o banho no leito, o enfermeiro intensivista tem por obrigação, estar interado das condições clínicas do paciente. A radiografia de tórax é o melhor instrumento para avaliação momentânea da função respiratória na busca por atelectasia ou infiltrado pulmonar difuso. Estas condições direcionam o plano de cuidados e estabelecem prescrições de enfermagem embasadas em evidências. Como o banho no leito requer a mobilização do paciente, ter o conhecimento do seu padrão respiratório é crucial para a execução da técnica de banho no leito.
O enfermeiro intensivista deverá indicar ou contra-indicar o banho nos casos de SARA com uso de PEEP elevado, porque esta condição exige restrições em sua manipulação.
Pacientes com atelectasias deverão ser mobilizados sempre do lado contrário ao pulmão afetado, facilitando assim a expansão pulmonar.
Risco de Instabilidade Hemodinâmica
Pacientes em uso de drogas vasoativas tendem a ter vasoconstricção generalizada ocasionado má perfusão periférica e tecidual. O tempo prolongado de banho, nesses casos potencializa o fechamento dos capilares, acarretando em hipóxia periférica e instabilidade hemodinâmica. Em muitos casos, deve-se contra indicar o banho, pois a simples manipulação do paciente acarreta em valores vitais clínicos alarmantes.
Risco de Queda
Outro risco que o paciente acamado apresenta no momento do banho é a queda do leito. Para que isso não ocorra, os critérios a serem adotados antes de iniciar o procedimento baseiam-se nas condições psicomotoras do paciente (agitação, confusão mental), sedação e superfície corpórea (pacientes obesos requerem uma maior mobilidade da equipe durante seu posicionamento no leito.
Risco de Perda de Artefatos (sondas, catéteres vasculares, drenos)
Durante a manipulação do paciente no banho, a equipe operacional deve atentar-se para a presença dos artefatos terapêuticos presentes. Os mesmos deverão estar fixados corretamente e a troca da fixação deverá ocorrer no final do banho.
CONCLUSÃO
Conclui-se então, que a técnica do banho no leito possui um grande significado na promoção do conforto, higiene e impacto direto no prognóstico do paciente, pois as boas práticas de enfermagem relacionados a esta técnica previnem situações de risco e potencialmente fatais.